Nesta página estão as partilhas realizadas no período de tempo que engloba a publicação do meu primeiro romance, No País do Silêncio, o momento em que terminei a escrita de A Menina Invisível e os meses a seguir ao seu lançamento. São os meus primeiros meses de escritora publicada. As partilhas falam disso, mas também refletem sobre o que se vai passando à minha volta nos anos de 2021-2022.

Em finais de Fevereiro de 2023 deixei de escrever aqui. Migrei para uma nova casa, de manutenção mais simples e mais aberta à comunicação.

Apareçam por lá, e conto-vos o que tenho feito. Na escrita e noutras coisas.

Nesta página estão as partilhas realizadas no período de tempo que engloba a publicação do meu primeiro romance, No País do Silêncio, o momento em que terminei a escrita de A Menina Invisível e os meses a seguir ao seu lançamento. São os meus primeiros meses de escritora publicada. As partilhas falam disso, mas também refletem o que se vai passando à minha volta nos anos de 2021-2022.

Em finais de Fevereiro de 2023 deixei de escrever aqui. Migrei para uma nova casa, de manutenção mais simples e mais aberta à comunicação.

Apareçam por lá, e conto-vos o que tenho feito. Na escrita e noutras coisas.

Defeito de visão

À minha frente está uma mulher invisível. Esta, não saiu da minha cabeça, já que, tanto quanto sei, ainda só invento gente para a ficção.

O aperto, que não largo então, nem nunca, há-de dizer-me ao longo dos anos que não se trata do livro, mas dos livros; do amor à literatura e da gratidão a quem escreve e a quem lê.

À conversa com Isabel Araújo Branco

Mérito das perguntas da Isabel e da eliminação do factor vídeo a acanhar o pensar, foi este, talvez, o resultado menos engasgado e a oralidade mais próxima de mim.

Aquela tarde

Durante muito tempo, não achei que tivesse ficado sozinha por causa daquela tarde. Não pegava nela, porque era delicada e temia que se partisse em mim. Só agora, numa extravagância de tempo passado, é que o faço e descubro, com um espanto manso, que foi devido a ela.

Caminhos perdidos

E penso, por momentos breves, se cada vez mais vai ser assim. Se em vez de olhar maravilhada para a promessa de todos os caminhos, vou ficar parada, peganhenta e a sacudir formigas.

Os lugares que são nossos cachorros

Somos donos dos lugares que ocupámos. Como cachorro atrás da porta, esperam por nós. Anos depois, reconhecem-nos ainda, e trazem nas patas os abraços possíveis.

Turista salta-bercinhos

Estou sozinha em Mumbai, nesse anteontem, com tostões no bolso e ilusões na cabeça. Estou à espera de um país à medida do meu idealismo ingénuo. Não entendi nada até ali. E depois entendi tudo.

Delírios temporais de um cu

Angústia que não cheguem lá nunca e se esqueçam de tudo. Porque é fácil esquecer tudo. Menos o que carregamos conosco. E que, pese intenso à nossa medida, pode não ser suficiente para nos salvarmos.

Atenção: sessão cancelada

Era para ser presencial, depois já só era presencial a metade — o Pedro Estorninho e o José António Gomes ao vivo e eu por

Fim de uma obra

Descanso, agora que está impressa. Posso finalmente começar a arrancá-la de mim. Pouco a pouco. Posso sentar-me ao sol, numa tarde de Domingo, e ler outras palavras que não as minhas.

2ª Edição

Está de parabéns, o No País do Silêncio. É dono de uma cinta vermelha, que lhe vem mesmo a calhar vestir para o Natal.

Instantâneo 2

Coimbra. Sala pequenina. Gente que vem porque o amigo diz. Estamos na franja do mundo. Da azáfama, das elites, do burburinho. Estamos à margem.

Os livros também crescem

Achei que escrever um livro era tarefa que começava e acabava no recolhimento solitário da minha mente, no bater surdo dos meus dedos nas teclas

Desculpas encharcadas

A culpa é do sol. E do Algarve ser lento na mudança de estações. E das reuniões familiares e dos abraços, das imperiais e dos tremoços.

Feira do Livro de Lisboa

Na Feira do Livro percebi, mais uma vez, que eu posso ter escrito o País do Silêncio, mas que não sou quem melhor o diz.

Rita Cruz

Rita Cruz

Sobre mim

Crónicas
Rita Cruz

Um pequeno detalhe de hormonas

Esta recordação não é de Talibãs, e só em parte é do Afeganistão. Não é sobre invasões nem cruzadas, nem sobre a urgência de falar e reflectir sobre elas. É a crónica de um momento. É sobre um cromossoma e um detalhe de hormonas.

Contos
Rita Cruz

Invisível

Estamos no início de uma tarde de Sábado. Sei o exacto dia da semana, porque o senhor Ribaldo só vem almoçar nesse dia, e trás o Américo com ele. Ouvimos ao longe o estrondo das gargalhadas. O senhor Ribaldo vive nesta terra desde que é gente e aprendeu a rir-se como o céu, quando ele ruge.

Crónicas
Rita Cruz

Dois mil e vinte e dois

Por isso não escrevi. E agora, já não sei se me apetece. No céu azul que temos por cima de nós, no ar limpo, varrido da chuva dos últimos dias, na brisa que atravessa a sombra, na manhã perfeita que vivemos, onde a pandemia desinsufla de horrores como um balão ferido de ar, não sei se me apetece escrever, digo-lhe.

Crónicas
Rita Cruz

Corpo estranho

Na casa de convalescença, está hoje uma menina que pariu um bebé.

Crónicas
Rita Cruz

regresso

Penso na casa que é a mesma e já não é, porque nada permanece igual na agitação do tempo, mesmo o que parece que é imóvel e não tem vontade própria.

Crónicas
Rita Cruz

As vidas que por mim passam

Durante uma semana, antes do dia da partida, ela fazia as malas e o menino desfazia. Espalhava as roupas pela casa. Escondia-lhe o passaporte.